Por Ruben Delgado, presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex)
O problema da falta de mão de obra qualificada no segmento de TI não é recente. Em um dos painéis da Rio Info de 2014, com foco na “Formação de Novos Talentos em TI”, um levantamento feito pela Softex já sinalizava para 2022 um déficit da ordem de 408 mil profissionais qualificados para atuarem no setor.
Com o novo ano já batendo à nossa porta, esta questão continua sendo crucial para o crescimento da TI brasileira. Nosso mercado de TI vem apresentando uma evolução na casa dos dois dígitos nos últimos anos, demandando por mais e mais profissionais com qualificação. E essa tendência certamente ganhará um ritmo ainda mais acelerado nos anos que estão por vir.
É nesse cenário preocupante que deve ser analisada a importância crucial do Programa MCTI Futuro, iniciativa em escala nacional do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI), com a coordenação da Softex, voltado para capacitar tecnologicamente pesquisadores e estudantes. Ele estabelece parcerias com a iniciativa privada através dos benefícios da Lei de Informática e com 26 Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) credenciadas junto ao Comitê da Área de Tecnologia da Informação (CATI).
Com investimento superior a R$ 190 milhões até 2024, o programa se propõe a capacitar mais de 1 milhão de profissionais e 40 mil programadores com experiência prática em todo o Brasil em diversas áreas, entre as quais cloud computing, big data & analytics, mobility/social media, cybersecurity, Internet of Things (IoT), blockchain e robótica, inteligência artificial, machine learning, tratamento de dados e testes de software.
O Programa MCTI Futuro se destaca por sua proposta inovadora, envolvendo tanto a iniciativa pública como a privada, abrangendo pesquisadores e milhares de estudantes de tecnologia não só no nível universitário como também no técnico e no médio. A realidade é que a solução de um problema tão crítico como o da falta de pessoas qualificadas para atuação junto às tecnologias de informação e comunicação passa, necessariamente, pela colaboração entre os diversos atores.
Em um país com a dimensão continental do Brasil é vital a promoção de ações coordenadas, com todos os esforços concentrados para vencer o desafio gigantesco de qualificar mais de 400 mil profissionais.
E cada contribuição é crucial para que esse objetivo seja alcançado. As ICTs identificando e trabalhando não só as demandas atuais, mas fazendo uma leitura atenta das tecnologias emergentes que moldarão o cenário do trabalho na área de TI nos próximos anos. A iniciativa privada disposta a abrir oportunidades de experimentação e os Centros de Excelência atuando no sentido de replicar os conteúdos para outras ICTs, dando ao programa a tração e a capilaridade essenciais para o seu êxito.
Esse é um desafio gigantesco que exige a participação de todos para ser vencido. Governo, iniciativa privada e academia precisam atuar com total sinergia para superar no menor prazo de tempo possível essa carência que compromete o desenvolvimento da TI brasileira e, por consequência, da própria economia do país.